Seis horas da tarde, Maria já estava na mansão, à governanta entregou a ela o uniforme de garçonete e pediu para ela se vestir; ela obedeceu.
Seis horas e dez minutos, Maria já estava pronta, esperando os convidados, segurando uma bandeja com oito taças de champagne; os primeiros convidados começaram a aparecer.
Nenhuma criança foi convidada, pois amizade não era o forte de Vincent; era muito fino para ter com quem brincar, possuía apenas amizades forjadas, voltadas para negócios, pois não se tratava de qualquer criança, tratava-se do herdeiro da fortuna dos Schneiders.
Apenas homens e mulheres da mais alta classe estavam lá, como o prefeito da cidade, o Sr. James Ronnel, e também Mairo Pretuski, dono da joalheria ' Le Osia'.
Sete horas e quarenta minutos; os convidados que trajavam smokings e vestidos de paris apreciavam os aperitivos da festa, quando John chamou a atenção de todos, pedindo alguns minutos de atenção para ele.
Ao lado de John, estava Sophia e Vincent, em um palanque improvisado, segurando uma taça de cristal com um pouco de champagne na mão esquerda e um microfone na direita.
- Senhoras e Senhores, primeiramente agradeço a presença de todos, nesta data especial, aniversário de meu filho, meu futuro sucessor, Vincent Roxanne Schneider, que hoje completa dez anos de vida. - Disse John.
O discurso se prolongou durante um tempo, a atenção de todos estavam voltados em John, o discurso parecia estar agradando os convidados.
Ele fez uma pausa para respirar, abriu o botão superior de sua camisa, afrouxou um pouco o nó de sua gravata; Sophia tirou um leque de sua bolsa e começou a abanar-se.
- Está calor aqui né. - Disse John, fazendo com que os convidados largassem algumas risadas.
Após outra pequena pausa, continuou seu discurso.
- Bem, hoje não é apenas o aniversário de meu filho, hoje é o dia que a empresa sofrera uma grande modificação. - Disse John.
Seus sócios e membros da empresa ficaram interessados e desconfiados do que John iria falar.
- A modificação... irá ser revolucionária, levará a agencia para outro patamar, será tão boa quanto as empresas ShineRivers, será tão...
Subitamente John parou de falar; começou a tremer, seus olhos arregalaram-se; e em um movimento bruto derrubou a taça de cristal no chão, foi uma fração de segundos para que milhares de fragmentos de cristal se espalhassem pelo chão.
Os convidados se assustaram com o que aconteceu.
Logo em seguida John derrubou o microfone; tentava forçar respiração mas ar nenhum entrava ou saia por seus pulmões, algo o impedia; sobre joelhos ao chão, puxou com força sua camisa, arrancando-lhe todos os botões.
Espasmos ele soltava; Sophia segurou ele, perguntava desesperadamente o que estava acontecendo; ele não respondia.
- John, John, diga algo John ! - Gritava Sophia.
Ele não respondi; após um tempo os espasmos deram um fim, um silêncio cortou o ar; os convidados vagamente iam se retirando, como se nada tivesse acontecido.
A governanta ligou para o resgate.
Lentamente John virou sua face à Sophia, e uma resposta lhe deu.
Um grito acompanhado de sangue ele soltou, cobrindo por completo a face de Sophia.
Ela começou a gritar histericamente; John lentamente foi descendo, deslizando entre os braços de Sophia, olhando fixo para o chão; sangue escorria de sua boca e narinas, Vincent assistia a cena de camarote; em sua frente estava vendo seu pai morrer, e sua mãe coberta de sangue gritando e chorando sobre as costas dele.
O choro parou; Sophia ficou imóvel; olhava para o meio do nada, abraçada em seu marido, coberta pelo seu sangue.
- Mãe, mãe, ta me ouvindo mãe? - Perguntou Vincent, que tentava controlar o choro.
Sophia não respondia, continuava a olhar para o meio do nada.
O resgate tinha chegado, acompanhado da polícia... tarde demais...
Os dois estavam atirados no chão, destacados no meio daquele grande saguão; a polícia tratou de cercar o local enquanto o resgate cuidava dos dois.
Vincent estava parado, de joelhos sobre o sangue do qual não sabia se era de seu pai ou de sua mãe; lágrimas escorriam em sua face, caindo sobre as costas de sua mãe, um dos homens tapou seus olhos e tirou ele dali.
O médico colocou dois dedos sobre o pescoço dos dois, não sentia o pulso de ambos; estavam mortos.